Economia circular, reaproveitamento dos materiais, descarte correto e muitas outras ações tornam a nossa existência mais saudável para o planeta

Tornar as cidades mais sustentáveis é uma das prioridades apontadas pela Organização das Nações Unidas (ONU) que declara que as áreas metropolitanas contribuem com cerca de 60% do PIB Global, mas também são responsáveis por 70% das emissões de carbono no mundo e por 60% do consumo dos recursos naturais.

Com o desenvolvimento contínuo voltado às cidades – a consultoria McKinsey publicou um estudo dizendo que até 2030, 59% da população mundial (ou seja, aproximadamente 5 bilhões de pessoas) viverão em áreas urbanas –, o que precisamos fazer para que esse crescimento não se torne mais um problema ao meio ambiente? Construir novas cidades mais sustentáveis e converter a realidade das já existentes.

Mas o que isso significa de fato?

Temos um projeto com esse conceito sendo construído a 12 mil quilômetros do Brasil. Lá em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, uma cidade sustentável está nascendo. A “capital da modernidade”, região que abriga os arranha-céus mais tecnológicos de todo o mundo, está focada em construir um novo formato de município. A chamada Masdar City é um investimento bilionário do governo local e reunirá, em uma área de seis quilômetros quadrados, muitas das principais características da sustentabilidade.

O projeto começou a ser idealizado em 2008 e é definido como uma comunidade ativa onde a população vive, aprende, trabalha e se diverte em um ambiente que ultrapassa os limites de sustentabilidade do design, da construção e da operação.

Para cumprir esse objetivo, a cidade funciona utilizando muito menos recursos naturais – o conglomerado de edifícios gasta cerca de 40% menos energia e água se comparado com obras semelhantes – e está focada na reciclagem e reutilização de resíduos. Cada prédio da Masdar City é construído com cimento de baixo carbono e utiliza 90% de alumínio reciclado em sua composição.

Sob esse conceito máximo de reaproveitamento e melhor uso em todo o ciclo de vida dos produtos, o Tech Park – plataforma para empreendedores e estudantes converterem suas ideias em produtos – foi montado com 16 contêineres reciclados. Nessa “cidade ideal”, um dos projetos residenciais, intitulado Eco Residence 2, teve 83% dos resíduos da sua construção reciclados ou desviados dos aterros.

A cidade também se transformou em um hub de teste para empresas de energia renovável. Conta com um painel solar de 10 megawatts que produz cerca de 12.500 megawatts-hora de energia limpa, compensando 15 mil toneladas de emissões de carbono ao ano, o que equivale, segundo os gestores do projeto, a retirada de 3.500 carros das estradas.

Obviamente construir um projeto do zero já fundamentado em todo esse conceito sustentável é mais simples do que reverter toda uma sociedade que cresceu de forma descontrolada por décadas. Mas o caminho é o mesmo: mudar a cultura, mudar o comportamento, e auxiliar na transformação das cidades para que a nossa vivência impacte menos o meio ambiente e para garantir que as futuras gerações consigam usufruir do planeta com qualidade de vida. E, nesse sentido, todos nós temos parte da responsabilidade.