Estudo árabe investiga e traz dois apontamentos relevantes que podemos abraçar no cenário brasileiro

Com o passar dos anos, vamos aprendendo cada vez mais sobre a nossa relação com a natureza e a importância de ficarmos atentos aos inúmeros impactos que nossa existência gera ao planeta Terra. O conhecimento cresce a cada dia e, hoje, é difícil encontrar alguém no mundo que não reconheça a relevância da adesão à uma cultura muito mais sustentável.

Com a gestão correta dos resíduos também é assim. A gente sabe que temos de cuidar de todos os resíduos que geramos, separando e descartando corretamente para evitar que tantos materiais com uma longa vida ainda útil sejam desperdiçados – os recicláveis – e reduzir o volume de resíduos que seguem para os aterros sanitários, já bastante lotados.

Mas por que será que muita gente ainda não faz o que sabe ser o correto? Ou, melhor dizendo, o que motiva as pessoas a agirem de acordo com o que se espera delas?
Vejam que interessante esse estudo realizado na Arábia Saudita para identificar o que influencia os consumidores a separar e descartar corretamente os resíduos, encaminhando tantos itens para a reciclagem.

Antes de chegarmos aos resultados, vamos compreender como o estudo foi feito e entender o cenário dentro do qual foi conduzido. Foram selecionados 365 participantes, moradores da Arábia Saudita, país em desenvolvimento apontado como o principal produtor de petróleo do mundo que gera 30,8 milhões de toneladas de resíduos sólidos todos os anos.

Para analisar as respostas, o estudo utilizou a Teoria do Comportamento Planejado, um modelo proposto pelo psicólogo social polonês Icek Ajzen, que busca entender o comportamento humano de forma geral a partir de intenções e de algumas variáveis explicativas. Dentro do contexto da reciclagem, considerou três hipóteses comportamentais:
A atitude tem impacto positivo na intenção de reciclar resíduos sólidos;
As normas têm impacto significativo na intenção de reciclagem de resíduos sólidos;
O comportamento tem impacto significativo na intenção de reciclar resíduos sólidos.

Dessa forma, depois de se aprofundar nas avaliações dos respondentes, o estudo árabe traz alguns apontamentos interessantes e que podemos emprestar para a realidade brasileira.

O primeiro deles é que as pessoas que se preocupam com o comportamento moral – ou seja, que tendem a levar em consideração a sua postura perante o que a sociedade entende ser o correto – tentam de forma mais forte adaptar seus comportamentos de acordo com o comportamento daquelas pessoas que admiram.

O outro ponto está na conveniência, que o estudo aponta ser fator chave para que a separação e o descarte de resíduos ocorram da forma correta, e isso envolve a praticidade para que o cidadão tenha essa atitude e a acessibilidade aos pontos de coleta e cooperativas de reciclagem. No cenário brasileiro, por exemplo, o estudo entenderia que em cidades que têm coleta seletiva porta a porta, ofertada pela prefeitura, haverá muito mais adesão à cultura da reciclagem.

Por fim, esse estudo pode ser um excelente gatilho para que cada um de nós possamos analisar a nossa situação atual. Se ainda não estamos separando e descartando corretamente todos os nossos resíduos, o que falta para que possamos iniciar essa atitude sustentável?